A solidão não é apenas um sentimento passageiro. Ela se tornou uma questão de saúde pública global, reconhecida como uma “epidemia silenciosa”. Em 2023, o então diretor de saúde pública dos Estados Unidos declarou a solidão como um problema tão sério quanto fumar 15 cigarros por dia. E os idosos estão entre os mais afetados.
O que é solidão, afinal?
Solidão e isolamento social são experiências diferentes, embora estejam ligadas. A solidão é subjetiva – é sentir-se sozinho, mesmo estando rodeado de pessoas. Já o isolamento é objetivo – é a falta real de conexões sociais, como amigos, família ou vínculos comunitários.
Entre pessoas com mais de 65 anos, pesquisas recentes mostram que 1 em cada 5 relata sentir-se frequentemente sozinho. A aposentadoria, a perda de entes queridos e as limitações físicas contribuem para esse afastamento da vida social, levando a um ciclo de retraimento, tristeza e até adoecimento.
Quando a solidão adoece o corpo e a mente
Estudos científicos apontam que a solidão está associada a sérios problemas de saúde física e mental, como:
• Maior risco de demência e depressão
• Aumento de doenças cardiovasculares
• Comprometimento do sistema imunológico
• Redução da expectativa de vida
Inclusive, exames de neuroimagem revelam alterações estruturais no cérebro em pessoas que vivem em solidão crônica, afetando áreas responsáveis pela memória, pelo raciocínio e pelas emoções.
Iniciativas Globais no Combate à Solidão de Idosos
Diversos países vêm implementando estratégias inovadoras para reduzir o isolamento social entre pessoas idosas. Um dos destaques é a Noruega, que tem investido em clubes comunitários voltados à terceira idade, oferecendo espaços seguros para convivência, troca de experiências e realização de atividades coletivas. Esses encontros fortalecem os vínculos sociais e ajudam a combater o sentimento de solidão.
Outro exemplo inspirador vem do Reino Unido, que criou “serviços de amizade”: voluntários visitam idosos em casa ou os acompanham em atividades, como idas a cafés ou eventos culturais. A proposta é simples, mas tem um impacto profundo na autoestima e no bem-estar emocional de quem vive só. Já na Holanda, supermercados adotaram os “caixas conversadores”, com funcionários treinados para oferecer atenção e diálogo a clientes mais velhos, transformando tarefas rotineiras em momentos de conexão humana.
A solidão é um desafio real, mas que pode ser enfrentado com empatia, criatividade e ação coletiva. As experiências ao redor do mundo mostram que pequenas mudanças fazem grande diferença.
Referência: Brauser, D. Lonely Planet: Como o mundo está lutando contra o isolamento social. Medscape Medical News. 25 de março de 2025. Disponível em: https://www.medscape.com/viewarticle/lonely-planet-how-world-fighting-social-isolation-2025a1000748